sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Socorro ao Panamericano também cobriu rombo no cartão de crédito Presidente do BC informou que unidade de cartões apresentou 'inconsistências contábeis' de R$ 400 milhões 12 de novembro de 2010 | 0h 00

Socorro ao Panamericano também cobriu rombo no cartão de crédito
Presidente do BC informou que unidade de cartões apresentou 'inconsistências contábeis' de R$ 400 milhões
12 de novembro de 2010 | 0h 00


Fernando Nakagawa, Fabio Graner / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo


O socorro ao Banco Panamericano não cobriu apenas o rombo dos empréstimos vendidos a outras instituições financeiras. O dinheiro também foi usado para corrigir problemas na unidade de cartões de crédito. Ontem, em audiência pública no Congresso, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, trouxe à tona o segundo foco da fraude que, sozinho, foi responsável por R$ 400 milhões do rombo de R$ 2,5 bilhões.

Menos de 48 horas depois de a crise do Panamericano se tornar pública, o presidente do BC anunciou que as fraudes vão além da cessão de financiamentos e empréstimos. De acordo com ele, a unidade de cartões de crédito também registrou "inconsistências contábeis". Segundo o Estado apurou, esse problema não havia sido constatado pelos técnicos do BC e foi reportado voluntariamente pela diretoria do Panamericano.

Ao ser questionado se os problemas nos cartões também envolveriam o repasse das operações a outros bancos sem baixa contábil, Meirelles afirmou que "não há indícios disso". Mas a hipótese não está descartada, já que muitos bancos negociam recebíveis de cartão, seja com clientes lojistas ou entre instituições financeiras. Meirelles lembrou que o tema "cartões de crédito" não é de jurisdição direta da autoridade monetária. Por isso, a fraude não teria sido encontrada pelos técnicos do BC.

Final feliz. O presidente do BC indicou que o empresário Silvio Santos deve se desfazer do controle do Panamericano para pagar a dívida de R$ 2,5 bilhões com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O empréstimo que salvou a financeira tem condições especiais: pagamento em dez anos com carência de três anos, período em que não há pagamento de juros e amortizações.

Ao comentar a possibilidade de venda do banco, Meirelles disse que é possível que no futuro a Caixa Econômica Federal seja sócia de outro grupo no Panamericano. Apesar do prognóstico, ele afirmou desconhecer qualquer negociação nesse sentido.

Meirelles reafirmou que a investigação do BC não encontrou sinais de problemas semelhantes ao do Panamericano em outras instituições, mas acrescentou que "nenhum Banco Central do mundo pode garantir responsabilidades futuras". Segundo ele, não há como assegurar que o sistema bancário seja completamente blindado às fraudes.

Parlamentares questionaram Meirelles se o BC não poderia se responsabilizar por bancos e suas operações de modo a evitar fraudes como a do Panamericano. "Quando um governo assume a responsabilidade de instituições privadas, ele dá um selo de garantia", disse Meirelles. Segundo ele, executivos poderiam se aproveitar disso para administrar ativos de forma inadequada.

Apesar da gravidade do problema no Panamericano, o clima entre os diretores do BC era de tranquilidade na audiência pública. Aos parlamentares, Meirelles disse que é preciso comemorar o "final feliz" do episódio.

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